30-06-2011 10:24

A caminho do banheiro

O COTIDIANO DAS GERAIS EM CRÔNICAS

Ir ao banheiro pode ser assustador, segundo Sônia

Por Érica Fernandes

Imagem: Reprodução/ Deivison

A noite estava silenciosa e ao longe ouvia os gruídos da coruja na pequena cidade de Mariana. Olhou em volta e a melhor amiga dormia religiosamente. Pensou em acordá-la para, juntas, irem ao banheiro. Na antiga casa dos avôs, a privada fica do lado de fora da residência. Deitou na cama com expectativas que o “aperto” fosse embora e conseguisse dormir, mas a vontade só aumentava. Lembrou-se da lenda do Caboclo D'água, um monstro com mistura de galinha, lagartixa, e macaco. A imagem da aberração provocou calafrios no corpo.

Deixa de lado o orgulho e sussurra nos ouvidos da amiga: “Gina, vamos ao banheiro comigo”. A menina dos cabelos aloirados dormia profundamente e não ouviu o chamado de Sônia. Aumenta o tom da voz: “Ginaaa!”. Desiste de chamá-la e passa a sacudi-la na cama. Os movimentos bruscos despertam a jovem. O pedido para acompanhá-la foi feito. Gina recusa e volta a dormir. A lembrança do monstro paira sobre a cabeça de Sônia. Dessa vez, desperta a amiga com ameaças. Lembra de todos os favores que um dia fez e implora por sua companhia. Pedido aceito.

Do lado de fora, o vento balança para longe o hobby de bolinhas de Sônia. O pijama apertado pelas pernas avultosas de Gina fica intacto. Como se tratasse de um movimento involuntário, as duas se abraçam. Ainda com medo e uma lanterna nas mãos, seguem em direção ao banheiro.

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Gina, vamos ao banheiro comigo
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- É o numero 2 ou 1? Não vá me dizer que você quer...

- Só vou fazer xixi.... relaxa.

- Fica do lado de fora vigiando, enquanto eu entro.

Gina cumpre com o tratado. Com a escuridão da noite, tudo que estava em volta da garota, parecia fantasmagórico. As pernas começam a tremer. Um pequeno barulho se faz ao longe. O som foi baixo, mas foi o suficiente para fazê-la gritar alto. “Ahhh, socorro!”. Gina sai com urina escorrendo pelas pernas: “É o monstro! O barulho faz as galinhas cocoricarem, o que só tornou ainda mais evidente a presença do Caboclo D'água. As duas saem correndo.

Com as calças no meio das pernas, Sônia tropeça e puxa para o chão a melhor amiga. As duas desmoronam na terra. “O meu Deus, ele puxou minhas pernas!”, grita Sônia. A adrenalina no corpo aos pós de pé em segundos. Em meio aos passos trôpegos, levanta a calça. Ao abrir a porta, deu de cara com o avô de 82 anos. Com uma espingarda nas mãos, pergunta:

Foi o Caboclo D'água?

Com a voz arfada dizem:

- Sim!

Percorre por duas horas os arredores do sítio e não o encontra. No outro dia, a notícia se espalha pela cidade. “O Caboclo D'água atacou mais uma vez”.

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